Os agricultores reivindicam alimentação na empresa, fim do assédio moral, horas extras optativas, entre outros pontos de direitos trabalhistas FOTO: MÁRIO JOSÉ |
A direção da empresa disse lamentar a ação grevista do que seria uma minoria dos trabalhadores, uma vez que a categoria já estava em fase de negociação da convenção trabalhista entre empregados e empregadores.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Ceará (Fetraece) confirma a negociação, na qual duas pautas já tinham sido encaminhadas ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT), mas apesar de, e por isso, a greve já nascer "fraca", atuará em defesa dos trabalhadores.
No início da manhã de ontem, trabalhadores da Delmont chegaram à Fazenda 2, na Chapada do Apodi, onde atuam na produção de banana e deflagraram greve logo na entrada.
Caminhões que fazem o escoamento dos produtos para exportação ficaram retidos na empresa, gerando alguns momentos de tensão durante a aproximação de veículos que queriam romper o cerco.
Os grevistas reclamam que não são pagas as horas "in intineres", que são uma compensação para o deslocamento de casa à fazenda onde trabalham, feitas nos ônibus da empresa.
Reivindicações
Os trabalhadores grevistas disseram que, na semana passada, já tinham levado as reivindicações para a direção da empresa que, ainda segundo eles, teriam se recusado a receber o documento de greve, enviado na última quinta-feira. Sem uma resposta da empresa, os funcionários decidiram cruzar os braços e marcaram para a manhã de ontem, gerando paralisação em setores como colheita e empacotamento. Outra reclamação é a falta de alimentação para os trabalhadores. Eles levam uma marmita com o almoço feito na madrugada, para ser consumido várias horas depois.
Quem quer almoçar na empresa precisa pagar R$ 5,00 pela refeição. Os grevistas acusam a empresa de assediá-los moralmente, principalmente sob duas formas: os fiscais estariam andando com facões, apesar de não usarem a ferramenta no trabalho usual, e pelos comentários que ouvem quando dizem estar doentes. "É como se a gente não pudesse adoecer. Se tá doente, eles dizem que é só alguma coisinha, mas que não tem que faltar o trabalho", afirma um trabalhador que atua no setor de aplicação de agrotóxicos.
A greve tem o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Limoeiro do Norte, Movimento dos Sem Terra (MST) e Movimento Conlutas.
O diretor jurídico da Delmonte, Newton Assunção, disse lamentar uma ação grevista justo quando já existe negociação entre as partes.
"Consideramos legítima toda e qualquer reivindicação por melhorias para trabalhadores, mas essa ação de um movimento paredista é abusiva, pois já estamos en negociação na convenção", afirma. A negociação é uma mesa com as partes representadas por Fetraece e Faec.
De acordo com José Francisco, da Fetraece, as horas "in intineres" já foram objeto de negociação e, inclusive, de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com as empresas e encaminhado ao TRT. Alguns pontos já deveriam ser cumpridos pela empresa. "No quesito alimentação, o que estava previsto nos processos é que as empresas forneçam alimentação, ou, caso não possuam infraestrutura para tal, que seja concedida cesta básica". A Delmonte já fornece uma cesta básica.
Mais informações:
Fetraece
Avenida Visconde do Rio Branco 2198
Centro - Fortaleza
Telefone: (85) 3231.5887
REPÓRTER : MELQUÍADES JÚNIORFonte: Diário do Nordeste-Regional